terça-feira, agosto 07, 2012

Maiores de 23 - Oh the horror

Para quem não sabe, eu não tenho o 12º ano feito. A minha entrada para a universidade foi realizada pelo regime de maiores de 23 anos. Infelizmente, eu não fui inteligente o suficiente para fazer as disciplinas que tinham números (física, físico-química, matemática) dai não ter terminado essa fase dos meus estudos.

Essencialmente, o regime de maiores de 23 permite a entrada para a universidade realizando exames específicos de entrada para um curso numa universidade (a escolha está realmente limitada a 1 curso e 1 universidade), presumindo que há vagas. Essas vagas não são do contingente geral logo não retirei lugar a ninguém desse regime. Igualmente, essas vagas não são fixas e variam de ano para ano.

Esta entrada para a universidade não tem a ver com equivalências ou médias do secundário ou até novas oportunidades. Se assim fosse não tinha estudado tanto para os exames que realizei na universidade (Yap, eu estudei para isso. Parece incrível não é?). Igualmente, diz-se que estes exames de ingresso são de nivel do 12º ano (equivalentes aos nacionais em termos de conhecimentos). Tendo em conta os exames nacionais de anos passados que recolhi aquando o meu estudo para esses exames, a dificuldade dos exames de ingresso é maior. 

Além disso, no ingresso por maiores de 23 anos não é igual e tem uma dificuldade acrescida (Refiro-me apenas ao que realizei e apenas na universidade a que concorri). Enquanto que no regime normal, para o meu curso, apenas era necessário a média de uma disciplina, em M23 foram necessários 2 exames (português e inglês) fazendo média entre si.


Os passos deste regime são:


  • Realizar inscrição (Enviar documentos e pagamento para a inscrição nos exames de M23)
  • Esperar para saber se aparecer nas pautas de inscrição (aparentemente não avisam antecipadamente se nos falta algum documento ou não) e verificar datas dos exames
  • Realizar exames e esperar pelas notas dos mesmos (Em nenhum exame podemos ter menos que 8 valores ou somos eliminados à partida, e a média dos exames tem de ser positiva pela mesma razão (não tenho a certeza visto que safei-me nesta parte).
  • Em caso de termos média positiva, passamos à fase da entrevista que é essencialmente uma entrevista de trabalho demonstrando que estamos realmente motivados para o estudo e análise de currículo que provavelmente nem o fizeram no meu caso. (Muitos ficaram por aqui pois a entrevista pode eliminar valores da média dos exames)
  • No caso de no fim disto tudo tivermos média positiva, realizar inscrição para entrada na universidade pelo regime de M23 e fazer o respectivo pagamento.
  • Esperar pelo numero de vagas e colocação (Esta parte é essencialmente igual em qualquer regime, Tive de esperar para saber quantas vagas havia e se seria colocado. Igualmente, pessoas que tenham realizado os exames em anos anteriores mas não tenham ainda ingressado na universidade têm prioridade sobre os do ano corrente independentemente da média (Não sei se mudaram essa politica ou não)).
  • Se depois de quase meio ano de suplicio conseguirem entrar, realizar matricula normalmente e verem o vosso pedido de bolsa a ser recusado.

Porque é que estou a explicar-vos este regime e a falar disto agora que já terminei a universidade? Porque não gosto que o regime pelo qual entrei e me esforcei para realizar o curso, seja equiparado ao regime de equivalências do xor relvas ou até novas oportunidades (Concordo com as novas oportunidades quando são dadas como uma hipótese pela empresa para que o trabalhador ganhe o 9º ou 12º de maneira a manter-se na mesma evitando problemas em relação aos estudos / posição de trabalho. Não concordo é que os que provêm das novas oportunidades entrem para a universidade sem realizar exames acesso tais como os nacionais. Lembro também que o rapaz que entrou há uns anos para a universidade pelas novas oportunidades com nota 20 a inglês é do meu curso. Eliminando quaisquer ideias más do rapaz, ele é um excelente aluno com muito boas notas, continuo sem concordar a parte de não haver exames). 

Eu não tive equivalências para o 12º, eu realmente não o tenho feito. Mas, tendo isso em conta, eu não me candidatei a um curso que tinha disciplinas por fazer. Eu não tive facilitismos para ingressar na universidade, eu estudei e fiz exames tais como todos os outros e durante a universidade, como toda a gente, estudei e trabalhei para fazer as cadeiras.  Eu não me candidatei a um curso só para ter o canudo, eu fui para um curso que gosto. Eu não tive ajudas para permanecer na universidade a estudar, facto que será um rombo as finanças pessoais nos próximos anos.

Mas como tudo, há alunos e alunos. Vejo-me a mim (yah deixem-me ser um cadinho convencido) a esforçar-me para estudar e ter um curso para que possa fazer o que gosto enquanto aguentei as dificuldades económicas. Como vejo alunos ditos "normais" a passarem anos na universidade enquanto que os pais, com ou sem dificuldades, pagam os anos e anos que eles passam lá a passear. Vejo alunos que só fazem as cadeiras porque os amigos lhes fizeram os trabalhos, amigos estes que não esperam em cortar na casaca.

Anyway, não, não fui um aluno de equivalências, fui um aluno esforçado que mal ou bem, tem um curso universitário com uma média que não é assim tão abominável quanto isso.


5 comentários:

Sandra Black disse...

Pessoalmente acho que é algo que difícil entrar a faculdade pelas Novas Oportunidades, porque ficas sem média final, entras no curso com a média de exame, e isso anda difícil porque tens de estudar como externo para os tais exames. No meu caso, este ano, foi uma confusão porque estava carregada de trabalhos do curso e a estudar para os exames ao mesmo tempo, porque enquanto os alunos "normais" estavam de férias, eu ainda estava longe de estar de férias.
Sim, eu sou uma aluna das Novas Oportunidades. E irrita-me a discriminação que tenho por ter optado por essa opção tão nova, pensam sempre que sou uma preguiçosa que não quer fazer nada da vida, só quer completar o 12º sem nenhum trabalho. Detesto ser julgada dessa forma, porque as pessoas tiram sempre a conclusão que querem sem sequer estar a par da situação.
Existe casos e casos, podes não achar justo que entrem na faculdade sem os exames nacionais, mas não podes geralizar essa afirmação, porque nos cursos onde me encontro (EFA) existem as mais variadas situações.
Continuando o meu caso: Eu tenho o 12 completo, tenho apenas um ao de uma disciplina de 11 em atraso (geometria descritiva) que não terminei por um professor incompetente a que a escola decidiu fechar os olhos e p/+69edir desculpa, mas isso agora não importa). O caso é que agora eu estou nas Novas Oportunidades, já fiz os exames nacionais mais de uma vez e tenho tanto estudos como um aluno normal, mas, como me fartei de esperar e perder tempo para entrar na faculdade porque a escola não resolvia o caso, entrei num curso que em 6 meses tenho equivalência ao 12 e para entrar na faculdade tenho que fazer os exames que pedem e entro apenas com a nota deles, porque com o curso EFA perco a minha média de 17. :)
Isto não é um rage nem nada do género, só não gosto que as pessoas pensem que os alunos das Novas Oportunidades não deviam entrar na faculdade porque foi tudo muito fácil, etc, porque agora sou sempre discriminada por dizer onde ando a estudar e que quero entrar no curso superior. Chamam-me de maneira meiga burra, preguiçosa, e por ai, que mais valia tirar um curso profissional, se não sou feita para estudar (azar o meu que gosto realmente de marrar).

Mas a realidade é que existem pessoas o mesmo caso que eu, mas também existem aqueles que entram para lá com 17 anos simplesmente para ter o 12º sem estudar um cu. E os jogadores do centro de estágio do benfica, também.

Anyway, o meu ponto é que não se deve menosprezar a forma de alguém entrar o ensino superior só porque vem de X lado, sem saber da história e geralizar assim a cena.
Tal como tu, por uma via diferente, estou a esforçar-me para xuxu para entrar na faculdade porque não me deram outra opção.

E este testamento não é nenhum ataque a ti, tio :P
Só queria deixar um exemplo que nem todos os casos são iguais

XL disse...

Epá...fiquei esclarecido. MAs e aquilo que importa? Oportunidades de Emprego como estão?

*Nightwish* disse...

Sabes bem que sou contra as Novas Oportunidade, não porque considere que as pessoas não têm direito a uma segunda oportunidade, mas porque sei bem que não aprendem praticamente nada, e só lá estão para receber um diploma. Se as Novas Oportunidade fossem leccionadas como devem ser, se servissem para realmente ensinar as pessoas que, por alguma razão, não puderam (ou não quiseram) estudar mais, aí eu estava totalmente de acordo com a iniciativa.
Se esses alunos têm direito a seguir o ensino superior? Claro que sim!! Mas porque será que não têm média?! Porque estão nas Novas Oportunidades para passar e fazer estatísticas bonitas... Podiam sempre estender os exames nacionais do ensino regular aos alunos das Novas Oportunidades... mas talvez aí uns bons 90% não tivesse aproveitamento...
Bjs************

XL disse...

Concordo aqui com a Drª.

Ritsu disse...

Bom, eu concordo contigo e com a Sandra. Acabei o 12º com uma espécie de Novas Oportunidades (depois de ter passado dois anos e meio num curso profissional que dava equivalência) - andei na escola à noite a fazer umas quantas disciplinas. Por isso não tenho moral para dizer que não concordo com o programa embora concorde que, pelo que vi, muita gente "menos capaz" se aproveite das oportunidades dadas dando assim azo aos estereótipos. Mas é como a Sandra disse, cada caso é um caso. No meu caso específico foram motivos pessoais que me levaram a adiar as coisas. E o que me irrita é quando põem tudo no mesmo saco. Já fui alvo de muito comentário mau por ter demorado xis tempo a acabar o 12º e por tê-lo acabado como acabei.

É pedir muito que o pessoal deixe de generalizar. Cabe-nos a nós saber que há excepções.